segunda-feira, 9 de junho de 2014

Falta de ética tem profissão?


Foto de kdfrases.com
Recentemente fui questionado por um amigo, a questão era se na Faculdade de Direito ocorre o ensino ou algo que levasse a corrupção, a falta de ética ou coisas parecidas, pois, depois da leitura de uma matéria sobre a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa veio à cabeça do mesmo, muito devido também ao quadro político do nosso país. 

Ressaltei que a pergunta é extremamente relevante e pertinente, sabendo que se trata de uma questão sempre levantada quando falamos da seara jurídica nacional, desta maneira, fiz uma provocação ao meu amigo para deixar claro o meu pensar sobre a situação política brasileira. Segui diretamente ao ponto da Universidade, assim respondi seguindo a minha percepção política.

Comecei descrevendo como funciona a faculdade de Direito, aulas específicas de forma a se ausentar sempre que possível da situação política ou social, ficando uma visão positivista, parecendo mais com um cursinho para OAB¹ de cinco anos, questões não vistas nas provas da entidade logo são questionadas pelos próprios alunos de forma incisiva, chegando até a ridicularizar os professores, aulas de política e filosofia que são ministradas ainda nos primeiros semestres, logo se tornam extremamente difíceis de evoluírem. De cara mostra-se uma faculdade de Direito se distanciando de tentar debater criticamente sobre conceitos de política, por exemplo, falar de aborto, legalização de drogas, participação política e etc., acaba se transformando em um debate que mais parece com uma guerra, sendo direcionada na maioria das vezes para o lado religioso, sempre presentes são os clichês de desacreditar na forma democrática, sem ao menos saber o que está atacando ferozmente (pouco conhecimento histórico da fragilidade das democracias), o desgaste dos poucos debates mostra a condição que os alunos chegam ao nível universitário, desta maneira, como esperar que o aluno tenha interesse em respeitar algumas regras socialmente necessárias, tendo em vista, que passamos a vida buscando privilégios, inclusive lutamos para não deixar sobreviver ideias que os ofendam ou ameacem, logo, raramente pensamos no coletivo.

Deste ponto fiz o questionamento, será se é somente na faculdade de Direito que chegam ou temos alunos com incapacidade de serem introduzidos em debates políticos, em âmbito nacional?

A resposta do meu amigo foi que seria um problema para todos os universitários, depois complementei, na certeza de que o fato de uma profissão ser motivos de clichês sociais não tem relação somente com esta profissão, mas, com toda a base pedagógica e familiar que está sendo introduzida na formação social de nossos jovens, que por osmose chegam às faculdades incapazes de uma introdução política real e passam a serem resultado do comum, a típica resposta comum, o típico método de agir a ser esperado, é claro não podemos generalizar, porém, podemos sim entender que o Bacharel em Direito está mais próximo de assumir carreiras públicas pela peculiaridade da área, ou seja, humanas e no caso com atenção a legislações e procedimentos, sendo mais arriscado devido à está proximidade, entretanto, se fosse outra profissão é evidente que também verificaríamos desvios éticos de determinados profissionais, nunca generalizando por óbvio.

Apesar de saber da possibilidade de uma faculdade conseguir fazer uma diferença no indivíduo como cidadão, acredito que seja praticamente impossível a Universidade dos dias atuais fazer diferença no indivíduo em relação à política e ética, participando de tal incapacidade a maioria das entidades de ensino, que se comporta e justifica no repasse de responsabilidades, assim como, a escola em todos os níveis o fazem e qualquer outra entidade o repete, fazendo o jogo político sujo do empurrar com a barriga, o resultado está aí, nos diferenciamos em corrupção quando falamos em política para sociedade.

Nesta linha de entendimento conclui para o meu atento e paciente amigo, somente um investimento maciço na formação do cidadão em suas bases de ensino (creche, fundamental e médio) seria capaz de melhorar a nossa situação política e social, trazendo assim, novos resultados para a sociedade brasileira, mas precisaríamos focar na atenção e apoio financeiro na formação dos professores, onde a qualidade e amplo apoio ao enriquecimento cultural seriam fundamentais para a formação dos mesmos, eu diria ‘essencial’, precisaríamos da valorização salarial dos professores de forma acima do normal em comparação aos salários atuais, para que seja possível uma redução da jornada de trabalho, mas tais ideias de investimento e direcionamento de verbas para Educação não vinga, pois, precisamos evoluir e investir em gado e soja, eu digo, que pena Brasil.

¹OAB: Ordem dos Advogados do Brasil, entidade de representação dos Advogados no Brasil.

Por Jeferson Nascimento
Idealizador e Colunista Editor do Mídias Populares