terça-feira, 4 de novembro de 2014

Quando a incoerência questiona a incoerência

Foto de Ser Feliz é Ser Livre
Após o período eleitoral aqui no Brasil, o melhor é celebrar a democracia, aos grandes amigos que optaram por se manifestar sobre assuntos políticos sem agredirem ao próximo, ao momento magnífico que escolhi o meu candidato e me encaminhei para votação com tranquilidade, paz e consciência. Meu sentimento é de: Viva a democracia!

Na madrugada no pré-votação eu assisti um documentário com a minha namorada, era a Equipe de campo o E-Time da Human Rights Watch, é claro em ambientes e contextos políticos distintos do Brasil, era abordado o trabalho dos fiscais dos Direitos Humanos em países sob regimes ditatoriais e antidemocráticos, falando  a verdade esse foi o motivo por ter ficado muito feliz ao exercer o meu dever cívico pela manhã, mesmo no meu caso que não tinha minhas bandeiras contempladas nas candidaturas, assim mesmo eu poderia ajudar a decidir as eleições, na maioria dos países antidemocráticos isso já seria tudo, afinal, não se tem nenhum direito político.

Na tarde do mesmo dia essa tal felicidade foi colocada à prova, entenda os motivos e a minha análise sobre as eleições 2014 no Brasil.

No período de eleições fiz a escolha de não escrever publicamente sobre intenções de voto, o meu círculo de amizade conhecia a minha opinião e se manteve neste grupo, foi a minha opção, que para mim significa também ser ético na minha conduta política e histórica, não seria coerente eu pregar o ensino, a educação e o aprendizado de temas políticos de forma pedagógica e no contra desses dizeres que eu saísse publicamente opinando em quem votar ou não votar, a minha ideia é totalmente contrária a este tipo de formação de opinião, ou melhor, manipulação de opiniões, eu acredito na opinião política construída ao longo do tempo e não aquela cuspida em cima das eleições. Muitos veículos de mídias passaram a declarar a indicação de voto ou publicar falcatruas unilaterais, como se todos os outros concorrentes políticos não tivessem comprovadas incoerências, isso me assustou demais, afinal, você tem grupos econômicos tentando eleger políticos, é o capitalismo ensinando a trabalhar como os feudalistas, realmente nefastos para a coletividade, desta forma, acabamos sendo marionetes de grupos econômicos, que é claro só pensam no bem da nação brasileira e não exclusivamente no lucro.

O meu distanciamento em momento de eleições não se trata de alienação política, mas, uma indicação que na busca da formação do voto crítico devemos acompanhar os fatos relevantes do país com maior ênfase ao longo dos anos, não basta no pré-eleições sairmos copiando tudo que é matéria mesmo sem ter conhecimento real da realidade de outros irmãos da nossa nação, não basta apenas a nossa realidade, seria suficiente o estudo de diversas formas e estilos de vida dentro desta coletividade, para assim alcançarmos uma percepção o mais próximo possível dos nossos irmãos em outras partes do país, possibilitando entendermos propostas e rebater com coerência e educação.

Em contrapartida ao voto crítico, o que constatei foi o voto superficial questionando o voto superficial, presenciei o brasileiro atuando na política como se fosse integrante de uma torcida organizada de time de futebol, a ideia foi ofender, era proibido apoiar uma boa ideia de mais de um candidato, era considerado marginal ou burguês se o fizesse, a onda mesmo foi a dos xingamentos e quando digo onda fazendo uma correlação ao filme “A ONDA”, evidenciado nas republicações de conteúdos que pregam o ódio via páginas de mídias sociais e até mesmo em jornais privados, que pasmem trabalham em concessões públicas de Televisão, é assim a atuação política do brasileiro como essência, se é contrário é adversário, demonstrando o estilo futebolístico de se fazer política e audiência, se comemora quando um candidato ganha as eleições, padrão de atuação política mundialmente deturpada¹, afinal, é possível dentro do leque de propostas de apenas um candidato ou candidatura esteja todas as suas bandeiras, será mesmo que não existe uma proposta comum ou que você concorde no outro, então se o adversário ganhar o seu lado estará ao relento, esse padrão de comemoração nas pós-eleições não tem nada a ver com política, mas de privilégios, precisamos evoluir para o voto crítico e não nos mantermos no voto superficial, a ser considerado mundialmente, pois, política se faz com conhecimento de causa e não exclusivamente com tomada de partidos.

Quando digo voto superficial é o momento que na atuação política a arrogância impera, na verdade as opiniões têm a premissa que são totalmente corretas, tem um visual de maior conhecimento da realidade do país de que o próximo, quem está no lado oposto necessariamente é inimigo(a), não existe análise, existe julgamento e assim corroboraram para a arrogância se tornar o cargo chefe destas eleições, um dos piores exemplos é o atuante político que ataca unilateralmente, porém, esquece-se das falcatruas dos outros, sendo o cumulo da incoerência de cabresto e muitas vezes tentando questionar ou até mesmo ofender outros que votam de mesma forma, afinal, quem acusa também é incoerente por defender muitas vezes pessoas que nem mesmo se elegeram e já tem carreiras com graves acusações, ai penso sobre a alienação da ignorância e estou falando aqui de pessoas de todos os níveis de formações acadêmicas, pode se entender que o voto superficial questionando o voto superficial se traduz na incoerência questionando a incoerência.


Tivemos o comportamento semelhante ao de uma torcida de torcida de futebol, mas consigo  trazer outro desserviço a política nacional e sem dúvidas é o da minoria fascista que via suas bandeiras dentro de alguma campanha, logo, na primeira oportunidade trocaram o discurso de meio pela apologia ao discurso de ódio, por um lado conseguimos identificar com clareza quem realmente estava votando sobre aquele voto de alternância ou outras desculpas que comumente ouvíamos, quando na verdade era um voto midiático e acrítico criado para defender bandeiras eugenistas, se discursava com bandeira de meio, de voto da inteligência, de voto crítico, mas passado a preliminar partiram para o ataque dos próprios irmãos com a ignorância, está peculiar dos que atendem mesmo a infelicidade e depressão com descarga na política, alguns desde o início da campanha eleitoral tentam encerrar o diálogo para seguir ao combate, prezam mesmo a guerra ao invés do debate, tentam justificar a incompetência com teorias frustradas pela própria história da humanidade, como se não bastasse questionar com ofensas o voto do próximo quando se está votando incoerentemente da mesma forma, ainda assim, acredita que a liberdade de expressão abrange ofensas tanto diretas como indiretas, se justificam que o mundo é muito moralista, será mesmo ou o mundo agora sabe entender textos maliciosos e tendenciosos a ideias preconceituosas, xenofóbicas ou discriminatórias. Felizmente fico do lado da felicidade e do anti-combate, favoráveis ao dialogo sem ofensas, dos que acreditam indiscutivelmente na humanidade, me manter também do lado da educação e assim ensinar as minorias presas aos desgostos de si próprias a não descarregarem na coletividade suas incompetências. Desta maneira, sigo buscando o caminho do estudo e diálogo rumo ao voto crítico, somados a muita vontade e determinação.


¹ Significado de Deturpada: Compreendido ou interpretado erroneamente.



Por Jeferson Nascimento
Idealizador e Colunista Editor do Mídias Populares