Criança Munduruku com seu
mascote
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O
Greenpeace lançou em 29/09 uma avaliação crítica e
independente sobre o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de
Impacto Ambiental (EIA/RIMA) da hidrelétrica São Luiz do Tapajós,
a primeira do complexo previsto para ser construído no rio Tapajós,
no Pará.
Realizada a pedido da organização por nove pesquisadores referências
em suas áreas de conhecimento, a análise identificou graves problemas no
estudo e no relatório, comprometendo sua utilidade para avaliar a
viabilidade da obra. A conclusão dos autores aponta que o EIA/RIMA,
protocolado no Ibama em agosto de 2014 pela Eletrobras, seja rejeitado
pelo órgão licenciador. A análise dos pesquisadores será protocolada no
Ibama e entregue para o Ministério Público Federal.
Entre as principais fragilidades, o EIA apresentado minimiza e omite
impactos negativos, como os efeitos no trecho do rio abaixo da barragem e
os planos de implantação de mais quatro hidrelétricas na mesma bacia
hidrográfica. O RIMA foi apontado pelos pesquisadores como mera peça de
marketing, falhando em informar a sociedade sobre as consequências reais
do empreendimento.
"Em vez de cumprir com o seu papel, que é de prever os reais impactos
da construção de empreendimentos do porte dessa hidrelétrica e, assim,
informar o processo de decisão, esses documentos tornaram-se mera
formalidade para legitimar decisões políticas já tomadas,”, afirma
Danicley de Aguiar, da Campanha da Amazônia do Greenpeace. “Se fosse
feito corretamente, o EIA/RIMA mostraria que as consequências da obra
são inaceitáveis e a usina, portanto, inviável”, conclui.
A região onde se pretende construir a hidrelétrica de São Luiz do
Tapajós concentra rica biodiversidade, com registro de espécies
endêmicas. Também é lar de centenas de ribeirinhos e mais de 12 mil
índios Munduruku, que dependem do rio para sobreviver.
No dia 25 de setembro, Luciano Naka e Jansen Zuanon, dois dos autores
da análise, estiveram na aldeia Dace Watpu, a convite do povo
Munduruku, para apresentar aos sábios e lideranças indígenas as
conclusões presentes na avaliação crítica e independente do EIA/RIMA.
“Muito longe de realmente dimensionar e detalhar os impactos, o estudo
se limita a ser um inventário da fauna e flora da região, apresentando
medidas mitigadoras genéricas e pouco efetivas”, critica Luciano Naka,
coordenador do estudo.
"Mais uma vez, a discussão sobre a hidrelétrica tem sido feita sem a
devida consulta aos povos tradicionais da região, como previsto na
Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da qual o
Brasil é signatário. As comunidades afetadas e a sociedade fazem parte
desse debate e devem ter voz no processo. Está na hora do governo
começar a ouvir”, conclui Danicley.
Acesse aqui o relatório científico e aqui o relatório ilustrado.
Veja o vídeo sobre o encontro entre os cientistas autores da análise e os sábios e lideranças Munduruku:
Confira o álbum de fotos do encontro: https://www.flickr.com/photos/greenpeacebrasil/albums/72157659243225912
Por Greenpeace Brasil
Publicado originalmente em: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Um-estudo-que-nao-mede-impacto/