Capa do Livro Cidadania no Brasil: O longo caminho’ de José Murilo de Carvalho |
*Dentro da legalidade, pois, se trata de
um pequeno trecho (seis páginas).
O autor realiza uma abordagem que evidentemente almeja trazer ambas esferas da política nacional sem grandes distinções, apenas sistemas que sobrevivem e se aperfeiçoam em prol de um ‘estadismo’ com forte base paternalista. A análise sobre o vínculo entre o estado (representado pelo poder executivo) e público geral, primeiro de onde tudo proverá ou provem e o último só no poder executivo espera algum retorno.
Aqui ambas as esferas políticas
nacionais podem não aceitar, mas a política nacional é realizada apenas para
lob’s, cada qual busca seus benefícios e quando conseguem aceitam o resto, uma
espécie de ‘cala boca’. Não é um problema existirem os setores que vão buscar
direitos específicos para suas classes, o problema é quando apenas esses
perseveram e o grosso da população fica na peleja. Resumindo precariamente a obra
busca demonstrar que o caminho da nossa sociedade com alvo da cidadania oscila
conforme as necessidades das elites que conseguem cooptar com maior amplitude o
cenário político (seja ele democrático ou não).
Atualmente estamos em uma
encruzilhada onde uma parcela da população tem forte temor dos traços
autoritários, preconceituosos e violentos de uma parte da população e a outra parcela
busca resolução imediata aos problemas de violência civil, corrupção e
manutenção de costumes tradicionais. Na encruzilhada é possível ver lados
incomunicáveis, ou seja, sem possibilidade visível de diálogo construtivo.
As forças políticas se aproveitam de
tal cenário e amplificam as diferenças, posicionando quem ousa realizar
críticas de um lado ou de outro o adjetivando rapidamente de forma pejorativa.
Realizar uma crítica a meritocracia pode colocar no lado esquerdo da fronteira,
caso realize uma crítica sobre a prestação de serviço de alguma repartição pública estará
imediatamente no lado direito da fronteira. O autor não se posiciona claramente
em nenhum dos lados, mas com certeza é taxado por ambos.
Por exemplo, explica o porquê a
sociedade brasileira a grosso modo elege representantes do Congresso que tem
vínculos, esperam algum retorno ou de forma descontraída (sem nenhum
comprometimento político), realiza a análise do nascimento dos direitos e
demonstra que ao ser conquistado direitos sociais antes dos direitos políticos,
nos fadamos a sempre apenas focar na eleição presidencial e com isso elegemos
em regra candidatos com traços messiânicos, ainda está fácil na memória
nacional a eleição de 2022 que existia presidenciável chamado pelos seus
seguidores de ‘mito’ e outro de ‘salvador dos pobres’. Sem crítica não existe
evolução e com isso não realizaremos de uma sociedade onde prospere a paz,
igualdade e justiça.
Em alguns pontos o autor realiza passagens rápidas por temas complexos, como Ditadura Militar no Brasil, colocando com alguma naturalidade no Governo de alguns ditadores, mas enfatizou as barbaridades de tal período. Como podemos identificar na leitura do trecho acima também insere certos países como marco referencial, mas a história e sua interpretação é permanentemente mutável, cabendo ao leitor ter um entendimento crítico sobre referências e consequências, pois, como observamos na Alemanha no período do Nazismo e a Itália no período do Fascismo apesar de serem países europeus, tiveram resultados perigosos e letais em suas experiências.
Com isto cabe a licença de entendimento sobre o momento que a obra foi escrita e o momento atual da nossa sociedade, evitando fazer anacronismos, pois, ao mencionar que o tanto os partidos políticos de direita como os de esquerda não flertavam com a Ditadura e tampouco a sociedade tinha tais recaídas, foi a história a posteriori que se desdobrou e o tema do autoritarismo novamente foi ressuscitado, vale destacar, que tal ciclo de recrudescimento de partidos de extrema direita é ocorrência a nível mundial.
Desta forma é uma obra de importante
leitura seja qual for a orientação política, enquanto formação humanística que
é tão carente nossa nação. Infelizmente não cansamos de ter contato com pessoas
com formação, mas de carência fundante e basilar em humanas, ainda que sejam
formados em áreas de ciências humanas, um fenômeno da nossa sociedade.
A idéia central aqui é incentivar a
leitura da obra citada e fomentar a crítica. Inicialmente começar pela leitura
e se cobrar para conseguir realizar críticas (podem ser favoráveis ou não), com
o objetivo de ampliar aprendizado que poderemos alcançar e conjunto.
[1]
CARVALHO, José Murilo de - Cidadania no Brasil: O longo caminho. 23º Ed. - Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.